A Perda Auditiva

Entenda o que causa a perda auditiva e como ultrapassar essa barreira.

O tipo de perda de audição

A presbiacusia, que é a perda auditiva relacionada ao envelhecimento, se caracteriza por uma perda bilateral da audição para sons de alta frequência, acompanhada, geralmente, por uma dificuldade de reconhecimento da fala, muitas vezes desproporcional à perda auditiva.

Assim, por se restringir inicialmente para apenas alguns sons, os mais agudos (fininhos), conforme a situação, ora o indivíduo ouve, ora não ouve. Ou melhor, ele ouve partes das palavras, mas faltam algumas informações, fazendo com que escute o que a pessoa está falando, mas não consiga discriminar o que foi dito.

Processamento auditivo central prejudicado

Além da perda auditiva, no envelhecimento ocorre uma degeneração em todo o sistema auditivo, trazendo um prejuízo também ao processamento auditivo central dos sons, ou seja, ocorre um declínio nas habilidades auditivas que são responsáveis pela localização do som, discriminação de sons parecidos, velocidade de processamento, atenção seletiva e etc. Esse declínio da capacidade de processar corretamente os sons acaba comprometendo ainda mais a capacidade de compreender a fala, principalmente em ambientes com muito barulho ou quando há várias pessoas falando ao mesmo tempo.

Cognição, linguagem e visão prejudicadas

Uma boa compreensão da fala não depende apenas de uma boa audição. Para conseguir ouvir e entender a fala, principalmente em um ambiente desafiador, como em uma festa, nós utilizamos recursos cognitivos e de linguagem, além da integração da visão com audição (percepção auditivo-visual da fala e leitura orofacial). Como a degeneração decorrente do envelhecimento ocorre em todo o organismo, a comunicação do idoso está prejudicada não somente pela perda de audição, mas também pelo declínio dessas habilidades. Assim, pode acontecer de idoso apresentar dificuldades de compreensão, mesmo com aparelhos auditivos adequados.

Por outro lado, quando estas habilidades estão preservadas, pode acontecer o mascaramento da perda auditiva. Ou seja, mesmo não ouvindo bem, quando o idoso tem um bom desempenho cognitivo ele pode apresentar também um bom desempenho comunicativo. Na verdade, o que acontece é que se o contexto da conversa é familiar, faz parte da rotina daquele idoso, mesmo com uma perda de audição considerável, ele pode ser capaz de acompanhar a conversa ou entender o que foi dito utilizando seu conhecimento no assunto. No entanto, se o contexto da conversa é menos usual, ou o vocabulário utilizado é mais complexo, o idoso pode ter dificuldade de compreender. Assim, os familiares podem ter uma falsa impressão de que o idoso está ouvindo bem, ou de que ele “só ouve quando quer”. Então, apesar de ser algo muito positivo, é preciso tomar cuidado para que esse tipo de compensação cognitiva, não adie a procura pela reabilitação auditiva.

Assumir a deficiência

Muitos adultos e idosos resistem em testar o aparelho auditivo, pois associam a deficiência auditiva com a velhice e não querem assumir que estão ficando velhos. É bem difícil trabalhar esses estigmas em torno da deficiência e do envelhecimento. Mas, com muita conversa, conseguimos mostrar que a deficiência auditiva acaba aparecendo muito mais do que um aparelho auditivo, ainda mais hoje com tantos aparelhos modernos e discretos… E que na verdade, não há a motivos para se envergonhar!

Isolamento social, depressão

Seja por vergonha de assumir que tem uma deficiência, ou por não querer incomodar os familiares, muitas vezes o idoso com perda auditiva ao invés de procurar ajuda, acaba deixando de fazer as coisas que costuma fazer. Assim, deixa de participar de atividades sociais importantes, como ir na igreja, no cinema e teatro, reuniões com amigos e familiares e etc. Aos poucos, o indivíduo vai se isolando de tudo e de todos gerando um risco imenso para um quadro depressivo. Quando recebemos idosos no consultório nessas condições, a reabilitação fica muito mais complicada, pois falta a motivação do próprio indivíduo, que muitas vezes se sente abandonado e sem vontade de participar efetivamente da sociedade.

A perda auditiva está associada com declínios cognitivos e quadros de demência, como o Alzheimer, justamente por causar esse impacto na vida social e emocional dos indivíduos. Por isso, assim que uma perda auditiva é identificada deve-se buscar um tratamento. Não é preciso chegar em um ponto tão crítico para buscar ajuda, não é mesmo?

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